Banda que faz magia com samples, The Avalanches está com novo disco na praça após 16 anos; ouça as novas

Fábio Bridges
Por Fábio Bridges

No ano 2000 a música eletrônica – dançante ou não – já estava definitivamente estabelecida, longe dos guetos e das festas ilegais, influenciando artistas das mais diversas esferas musicais e ajudando grandes nomes do pop, como U2 (lembram de Discothèque, de 97?), Madonna (Music foi produzido pelo francês Mirwais) e Radiohead (Kid A, ou o ‘fim das guitarras’) a se reinventarem. Nesse universo altamente criativo, discos e mais discos da música das máquinas foram prensados há 16 anos, dos clássicos das pistas Everything Everything do Underworld e Halfway Between Gutter and Stars de Fatboy Slim, aos mais tortos Teaches of Peaches, da canadense Peaches e Things Falling Apart de Trent Reznor e seu Nine Inch Nails.

Ou seja, havia eletrônica sacolejante, transcendente, quebrada, barulhenta, cruzada com rock, hip hop, bossa nova, pop e etc. E eis que então um grupo australiano resolveu juntar tudo isso aí num único álbum, modificando e costurando com precisão cirúrgica algo em torno de 3500 samples de músicas e diálogos de filmes. Nascia assim Since I left You, o primeiro disco do sexteto The Avalanches.

O álbum figurou em inúmeras listas de melhores do ano – e mais tarde, da década – e foi louvado tanto pela crítica quanto por outros músicos, chamado de inovador e único, e é inegável seu poder de fogo; construído sobre bases que vão da house aos breaks e hip hop, costuma me servir como combustível mental e físico em dias difíceis e como parceiro certo de viagem em tardes ensolaradas sentindo a brisa no rosto. Funciona, vai por mim.

Dali em diante a expectativa por novas produções do Avalanches só crescia. Ainda em 2001 deram uma entrevista ao Pitchfork e disseram estar trabalhando em novas músicas, que nunca surgiram; quatro anos depois anunciaram um disco, em 2009 licenciavam samples, em 2011 faziam a mixagem, mas nada real surgia do laboratório musical dos caras.

ATÉ QUE CHEGAMOS A 2016

WILDFLOWER

WILDFLOWER

Shows marcados e realizados no Primavera Sound, um fragmento de música inédita que se ouvia ao ligar para um número que estava em um cartaz colado pelas ruas de Londres e um teaser de um documentário chamado Since They Left Us – com depoimentos de Ariel Pink e Father John Misty, entre outros colaboradores – davam pinta de que finalmente os australianos finalmente nos dariam o que tanto esperávamos: músicas novas. E eles nos deram.

De 1° a 21 de junho o Avalanches decidiu pôr fim a fome de seus fãs anunciando para 08 de julho a chegada de Wildflower, o tão esperado segundo álbum, e melhor ainda, disponibilizaram na rede três das faixas que irão fazer parte do biscoito. Vamos a elas:

FRANKIE SINATRA: a primeira inédita em 16 anos, ganhou um vídeo meio Walking Dead gravado num pântano no sul dos Estados Unidos. A música tem participação dos rappers MF Doom, Danny Brown e um sample de Bobby Sox Idol, do cantor Wilmoth Houdini. Assista:

COLOURS: o segundo single destoa completamente do hip hop de Frankie Sinatra e é um delicioso mergulho em mares psicodélicos e oníricos, com os vocais de Jonathan Donahue, dos roqueiros super lisérgicos Mercury Rev e ex-Flaming Lips, e lembra algumas produções do boa praça Toro Y Moi, outro que colabora no álbum, na faixa If I Was A Folkstar. Viaje ao som de Colours:

SUBWAYS: incrivelmente alto astral, a faixa foi ‘construída’ à partir de de uma canção de mesmo nome lançada por uma menina de 12 anos chamada Chandra em 1980. A pegada é completamente à A Roller Skating Jam Named Saturdays, mas sem as rimas e com um sample maroto de Getting Jiggy Wit It, de Will Smith. Sinta a brisa:

Wildflower chega às lojas em 08 de julho, e além das já citadas participações contará também com as presença do psicodélico Connan Mockasin, do sueco Jens Lekman – igualmente chegado num sample -, dos rappers Camp Lo, o mítico Biz Markie, Warren Ellis do Bad Seeds (a banda que toca com Nick Cave) e August Darnell, do Kid Creole & the Coconuts. Isso tudo, claro, se não desistirem de lançar o disco em cima da hora. Vamos torcer, e enquanto isso dancemos ao som dos australianos.

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