Chapeleiro vai levar samples de Chaves e ETs para o palco do Tomorrowland Brasil

Claudia Assef
Por Claudia Assef

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Nascido em Araçatuba, interior de São Paulo, Fabricio Beraldi Neves se envolveu com a cena de trance que rolava na região ainda na adolescência. Aos 14 anos já frequentava as festas locais e três anos mais tarde começou a discotecar. Hoje, aos 29 e conhecido na música eletrônica como Chapeleiro, Fabricio se tornou ídolo da molecada, com composições que misturam trance, techno e progressivo, um tipo de som que ele chama de brutal bass, envolvendo temas que vão da paixão por extraterrestres (como manda o figurino da antiga cena de raves de trance) até uma certa zoeira – ele já usou samples do programa Chaves em uma de suas faixas, Disco Voador.

Chapeleiro – Disco Voador

“Vim de uma família envolvida com a música underground. Meu pai é tecladista e baterista, foi minha maior influência. Me ensinou desde cedo não só a teoria, mas o mais importante pra um músico qualquer sobreviver nesse meio, ter humildade”, disse o DJ e produtor, que este ano é um das principais atrações do Tomorrowland Brasil (ele é um dos headliners do dia 22/4).

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Se depender das tracks que ele vai levar na bagagem, Chapeleiro deverá arrasar no festival. Faixas como Chuva, Disco Voador, Abduzido, Violência, Pancadaria e Cidadão Espacial têm milhares de plays em seu Soundcloud. Claro que tanto assunto deixou o Music Non Stop muito a fim de saber mais sobre ele. Leia abaixo a entrevista exclusiva que fizemos com ele.

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Chapeleiro e seus chapeletes em Salvador: número de fãs cresce a cada dia

Music Non Stop – Uma de suas músicas mais ouvidas no seu Soundcloud é Abduzido e a outra é Disco Voador. Isso vem da cultura de trance, você era frequentador de raves de psy?

Chapeleiro – A música é uma mesclagem de timbres de techno com trance, por isso esse ar de psicodelia! Eu vim de uma geração antiga de DJs e nessa época era só trance que prevalecia na cena.

Music Non Stop – Como foi sua “formação clubber”?

Chapeleiro – Comecei com 14 anos, indo em festas na minha cidade. Depois de uns três anos, comecei a tocar e fiquei como DJ por oito anos. E aí comecei a produzir e deu no que deu! 😀

Music Non Stop – Quais foram os primeiros DJs que chamaram a sua atenção?

Chapeleiro – Merkaba, Tetrameth, Kalya, entre outros.. foram minhas maiores inspirações.

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Music Non Stop – Você estourou em 2015, e agora é um dos headliners do Tomorrowland. Quais suas expectativas pra este ano?

Chapeleiro – Eu não desejo fama e dinheiro, quero passar o brutal bass para quem ainda não conhece… Ensinar pra quem quer aprender.

Music Non Stop – Você é fã de heavy metal ou a música Metal é só uma brincadeira?

Chapeleiro – Metal é irado, porém, a Metal foi uma inspiração de referência pra minha música, eu tinha feito um dos primeiros timbres do brutal, e queria um vocal que realmente demonstrasse essa harmonia pesada que o som tinha… aquele vocal veio a calhar!

Music Non Stop – Falando nisso, de onde surgiu a ideia de usar o sample do Chapolin?

Chapeleiro – Um amigo meu já tinha feito e eu curti muito e fiquei por tempos com aquilo na cabeça… Mas um dia eu estava no estúdio já terminando um loop de bass que tinha ficado irado. Já tinha feito um minuto e meio de som, mas faltava um vocal. E eu tenho costume de deixar a TV ligada enquanto faço música e nesse dia passou em um instante que eu ia dar o play o Chaves falando do Disco Voador na TV… kkkkkk fechou como uma luva…

Music Non Stop – Você consegue explicar pra uma pessoa que está chegando hoje na cena o que é esse som você toca, q você tem chamado de brutal bass?

Chapeleiro – Sim, na realidade não tem segredo… Eu resolvi mesclar uma ideia de minimal techno junto com progressivo, e na época em que o new minimal estava em alta… foi fatal! As pessoas já estavam preparadas para triplets e new offbeat devido a essa geração de músicos novos!

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Momento fofura: Chapeleiro com a mulher e a filhinha Alice, que acaba de completar 2 aninhos

Music Non Stop – De onde vem o seu apelido?

Chapeleiro – Chapeleiro foi inspirado nas brisas do mesmo personagem da história de Alice. O Chapeleiro Maluco.

Music Non Stop – O que você tem visto de mais legal nas festas em suas viagens pelo Brasil?

Chapeleiro – É muito interessante conhecer lugares novos, são sintonias com a música diferentes em cada canto, acho que isso já é impagável!

Chapeleiro – Bastidores

Music Non Stop – Tem planos de focar numa carreira internacional?

Chapeleiro – Sim, minha agência (DM7) já está fechando algumas parcerias pra este ano e não vejo a hora de levar o brutal bass pra outros cantos.

Music Non Stop – Você está na estrada há uns bons 15 anos, como compara a cena no início da sua carreira com o que o está rolando, esse boom de festivais gringos, clubes espalhados pelos Brasil etc?

Chapeleiro – Hoje estamos no paraíso! Antigamente era tudo muito difícil, a repressão da própria sociedade já era complicada, mas tudo melhorou e hoje o brasileiro é valorizado, tanto quanto um gringo.

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Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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