DJ francês Agoria, um dos tops do país, conta sua experiência de ver a Copa no Brasil

Claudia Assef
Por Claudia Assef

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Um dos principais DJs da França desde o começo dos anos 2000, Sébastien Devaud, mais conhecido no universo das pistas como Agoria, está curtindo loucamente sua passagem pelo Brasil durante a Copa do Mundo. Além de ter ido a duas partidas em que seu país deu show (França 3 x 0 Honduras, em Porto Alegre, e França 5 x 2 Suíça, em Salvador), ele veio tocar em seis capitais brasileiras na turnê French Touch@Coupe du Monde, ao lado do DJ Joris Delacroix

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Com apoio da Embaixada da França no Brasil e da Aliança Francesa, os dois DJs passaram por Porto Alegre, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro e Salvador. Neste sábado (27), Joris Delacroix toca ao lado de Mau Mau, Fernando Moreno e Roque Castro no clube Lions, encerrando a turnê.

E no meio de tudo isso, Agoria ainda foi o convidado gringo de honra de uma edição superespecial do Boiler Room x Skol Beats Brazil, tocando ao lado de VCO Rox, Mau Mau e Magal. O vídeo subiu nesta segunda (23) na página do Boiler Room e você assiste aí embaixo.

Agoria @ Boiler Room x Skol Beats Brazil

TODO DJ JÁ SAMBOU – Como foi tocar no Boiler Room Brazil ao lado de ídolos locais como Mau Mau e Magal?

AGORIA – Foi a primeira vez que encontrei o Magal e fiquei muito feliz em reencontrar o Mau Mau! Já tinha tocado com ele há uns 10 anos em Brasília, no Brasília Music Festival, e não tinha tocado com eles nas minhas últimas vindas ao país. Eu adoro tocar aqui. Os brasileiros e brasileiras são muito acolhedores e têm um enorme sentimento de festa. Espero que você tenha gostado do meu set no Boiler Room! Eu gosto de tocar por várias horas, então foi difícil tocar uma hora só, mas me diverti muito e as pessoas foram muito receptivas comigo. Aproveitei pra rever amigos brasileiros que não via há muito tempo. E o lugar era espetacular, com uma bela vista de São Paulo. Me diverti muito! Viva o Brasil!

TDJS – Como você vê a cena eletrônica atual no Brasil?

AGORIA – Existem clubes fantásticos, como o Warung e o D-Edge. Toquei pela primeira vez no Warung em janeiro deste ano e foi incrível! Não conhecia ninguém e tive a impressão de ter uma nova família aqui no Brasil. Gustavo, o dono, sabe receber muito bem. O clube é fantástico e o público conhece muito bem música eletrônica. Vou voltar no fim do ano e já estou muito animado com isso. Adoraria tocar mais em festivais brasileiros. Já toquei na XXXperience e no Skol Beats, e me lembro de ter gostado muito dos dois.

Acho que os artistas brasileiros são muito interessantes. Nomes como Webbha e Elephantz, na minha opinião, poderão ter uma carreira internacional tão bela quanto a do grande Gui Boratto. É incrível que, nas últimas vezes em que toquei no Brasil, vieram me pediu pra tocar Baboul Hair Cuttin, uma faixa do meu segundo álbum, que foi remixada pelo Gui Boratto.

TDJS – Como está a música eletrônica na França?

AGORIA – Paris se tornou uma cidade muito animada, ela recuperou os anos perdidos depois da febre do french touch. A cena parisiense estava meio caída, a música dita underground não conseguia se sustentar. Atualmente, há uma série de clubes e festivais com uma programação superinteressante. Fico muito feliz de ver que esses eventos têm estado sempre lotados e com uma energia muito positiva. Acho que estamos vivendo uma época de ouro da música eletrônica na França. Em várias partes do país há clubes e festivais que comprovam isso. Eu iniciei um festival em em Lyon chamado Nuits Sonores há 12 anos, quando atraímos 12 mil pessoas. Em maio último, reunimos mais de 130 mil nesse mesmo festival!

TDJS – Você acha que a música eletrônica mais comercial está começando a perder força?

AGORIA – Sim, acho que o público tem assimilado todos os códigos de nossa música, tornou-se mais fácil apreciá-la. A música eletrônica funciona tanto em grandes plateias quanto em pequenos clubes e é capaz de seduzir qualquer leigo. É uma música universal, que agrada a todos os nossos sentidos, tem uma dimensão social. Essa é a principal razão para a popularidade atual eu acho. A cena underground por anos recusou-se a trabalhar sua imagem, mas os meios de comunicação começaram a perceber que todo fim de semana em todo o mundo milhões de pessoas dançam em clubes e festivais ao som de discos que vendem apenas alguns exemplares, o que é um paradoxo! Mas é por isso que é o techno é uma música social, é por excelência unificadora. É a música da comunhão da essência coletiva.

TDJS – E como tem sido ver a Copa do Mundo no Brasil?

AGORIA – Incrível! Fui ver a primeira partida da França em Porto Alegre como convidado oficinal do governador, ao lado do ministro dos esportes da França e o cônsul. Quero ir sempre a partidas de futebol nessas condições hehehehe! O público brasileiro é o mais caloroso que eu conheço, fizemos “ola” umas 20 vezes pelo menos. O jogador Juninho (ex-Lyon, que é minha cidade de origem) estava lá, tão impressionado quando eu de ver a energia positiva que rolou no estádio.

 

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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