Fala de apresentadora do programa She DJ, da 97FM, vira bafafá entre DJs. Entenda esse bafo

Claudia Assef
Por Claudia Assef

No último domingo (17), durante o programa She DJ, que vai ao ar pela 97FM aos domingos, em São Paulo, uma das apresentadoras acabou causando um rebuliço ao fazer um comentário sobre a atual cena de DJs no Brasil. Ela falava, empolgada, sobre os novos DJs que têm se apresentado no clube Warung, em Itajaí.

shedj

“Acho muito interessante aparecer novos DJs. No Warung, antes, se voltava muito pro DJ da pista principal. Mas os DJs da pista secundária estão se tornando super importantes. Tá vindo uma galera nova muito legal. Porque antes ficava aquela coisa dos Matusalém lá: “Eu toco há 30 anos! Caindo a dentura e o Corega voando no equipamento!”.

Pronto. Bastou pras meninas virarem inimigas públicas número 1 dos DJs da velha-guarda. OK, talvez ela tenha se expressado de um jeito um tanto estabanado, sim. Esqueceu que estava com o microfone ligado no rádio e acabou fazendo uma piada tosca.

Soube do babado por meio de um DJ amigo, muito respeitado na cena e a quem eu admiro. Ele me mandou o áudio, estava bem indignado. Eu pensei: “putz, isso vai feder”. De um dia pro outro, uma brigada de DJs começou a postar memes sobre serem eles verdadeiros Matusaléns. Rolou uma espécie de “sou Matusalém, and I’m proud”.

booze matusalem

Fiquei meio assustada com alguns posts, classificando a apresentadora de vadia pra baixo. Opa, peralá. Ela errou, sim. Mas quem nunca? Tsc-tsc-tsc. Daí vem outro DJ amigo, da velha-guarda também, e se posiciona de um jeito que eu achei justo. Marcello Mansur, o Meme, que bem poderia ter ficado ofendido pela fala da moça, saiu com este post certeiro. Eis.

“A história dos DJs AINDA está sendo contada e não parece nem de longe estarmos na ‘metade’ dela. A história não se refere aos pioneiros e nem aos que acabaram de chegar. A história é sobre TODOS.

A parte e os personagens iniciais são tão importantes quanto a parte atual, e não é bonito e nem parece ‘másculo’ usar termos pejorativos contra alguém justamente porque somos TODOS parte de uma mesma história, ou seja…estamos todos no mesmo barco. Furou…afogam-se todos.

Não tenho porque e nem preciso esconder os meus gloriosos e públicos 30+ anos de carreira, que foram construídos com tesão pela música e por mostrá-la a quem interessar possa, mas isso não faz de mim alguem melhor ou especial. Será imortal e especial aquilo que eu fizer e que por ventura venha a tocar outros, e a mesmo idéia também aplica-se ao meu conhecimento e experiência que não é acumulado para humilhar ninguem, mas para COM-PAR-TI-LHAR. Somente compartilhando meu nome e minha arte serão imortais, mas nunca por causa do ano em que eu nasci ou parei, e sim através da minha obra e das minhas idéias.

‘OLD SCHOOL’ já é por si proprio um termo separatista que dito pelos próprios parece preconceito contra os mais novos, e dito pelos mais novos tambem tem peso contrário, entao…sugiro um pouco mais de cuidado com isso, da mesma forma que não é certo e nem bacana tentar matar ou apagar a geração anterior para que você sinta-se melhor e tenha seu lugar ao sol. Tolice. O sol brilha para todos e há espaço suficiente nessa sociedade tão diversa.

Se vc ainda está tomando partido desse ou daquele lado, lembre-se: Somente pessoas inteligentes dão a si o direito de mudar de idéia. Ainda dá tempo.

Abraço forte.
DJ Meme / Mansur / Marcello Mansur (Since 1976)

Bem, acho que ele falou tudo. Uma resposta como a que a “internet” está gerando, cheia de ódio e recalque, é uma energia tão negativa quanto o que vimos pouco tempo atrás, a polaridade entre gente pró e contra impeachment. Isso é andar pra trás e no meio dessa crise acho que ninguém tá podendo, né?

Errar é humano, tanto na vida futebolística quando na vida ser humana, diria Vicente Mateus, um saudoso Matusalém. E, mais ainda: errar é humano e se arrepender faz parte. Segue o jogo.

Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

× Curta Music Non Stop no Facebook