Gigante do mercado de dance music, dona de Tomorrowland e Beatport, entra com pedido de recuperação judicial

Claudia Assef
Por Claudia Assef

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Criada em 2012 com o intuito de se tornar a maior empresa de entretenimento focada em música eletrônica no mundo, a SFX Entertainment, dona do Beatport e de festivais como Electric Zoo e Tomorrowland, entrou com pedido de recuperação judicial nesta segunda (1) nos Estados Unidos.

Um comunicado em português, motivado pela existência de empresas da holding no Brasil (entre elas a agência de DJs Plus Talent e a empresa responsável pelo Tomorrowland Brasil, ID&T Brasil) explica melhor o pajubá sobre falências nos Estados Unidos.

Diz o texto: “Como parte de um acordo de reestruturação, a SFX Entertainment, Inc. arquivou no dia 1º de fevereiro de 2016 um pedido de recuperação judicial (Chapter 11) sob o Código de Falência dos Estados Unidos, com o objetivo de reestruturar sua dívida, melhorando seu balanço financeiro e maximizando valor para todos os seus públicos de interesse. Esse processo será realizado unicamente nos Estados Unidos e nenhuma das subsidiárias internacionais estão incluídas ou serão impactadas. Nesse sentido, a Plus Talent e a ID&T Brasil não fazem parte desse processo e continuarão a operar normalmente no Brasil. As empresas possuem cash-flow positivo, irão pagar as despesas de seus negócios e continuarão comprometidas com o planejamento, preparação e produção de festivais e eventos no país”. Ou seja, a rigor, a holding não abriu falência, fez um pedido de recuperação judicial. Uma condição desse acordo é que, ao longo do processo, Robert F.X. Sillerman deixe de ser CEO do grupo que hoje soma mais de US$ 300 milhões em dívidas.

O Beatport, portal de vendas de música eletrônica que integra o grupo, também se posicionou após o anúncio de sua empresa-mãe. “Pra nós aqui são apenas negócios, como sempre. Isso signfica que a plataforma Beatport continua operando integralmente, sem restrições. A loja continua aberta. Os serviços de streaming, ininterruptos. Novos lançamentos continuam sendo adicionados todos os dias. Novos vídeos estão no cronograma, sendo filmados. Pagamentos a gravadoras e fornecedores estão em dia. Desejamos que a SFX consiga passar por uma reorganização. Enquanto isso que ela continue focada em construir a melhor experiência musical para seus fãs, artistas e DJs, que compõem a comunidade da música eletrônica”, disse o comunicado oficial do Beatport.

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A reorganização pretende sanar todas as dívidas e manter todos os negócios operantes. Como parte das negociações, um grupo de bondholders (detentores de dívidas) irá converter seus créditos em equity (capital da empresa) e além disso vão colocar mais US$ 115 milhões em financiamentos novos. Ainda de acordo com o anúncio, os festivais ligados à empresa, como Electric Zoo, Tomorrowland, Mysteryland e Stereosonic, continuarão em funcionamento, assim como outros negócios da empresa.

O milionário Robert FX Sillerman tá de boa, apesar da falência

O milionário Robert FX Sillerman tá de boa, apesar da falência

“Essa demonstração de confiança dos nossos acionistas é uma prova da força do nosso negócio”, disse Sillerman no comunicado. “Claro que não achávamos que chegaríamos a uma situação dessas, mas com esse reestruturação temos a oportunidade de alcançar tudo o que a SFX tem capacidade de ser”, declarou o milionário, dono de cerca de 40% da empresa.

Enquanto a SFX pena para se manter na ativa, o mercado global de dance music, incluindo arrecadações, cachês e indústria fonográfica, deve fechar o ano de 2016 movimentado valores em torno de US$  6,9 bilhões.

 

 

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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