#AbsolutNights feat. Manga Rosa teve personagens míticos do clube, pista bombada, incenso e hits do techno

Claudia Assef
Por Claudia Assef

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Por Claudia Assef
e Vanessa Schuster
Fotos: Sidinei Lopes
Vídeo: Flavio Florido

Em março de 1999, Fernando Tibiriça inaugurava o Manga Rosa numa casinha na esquina da rua Leopoldo Couto Magalhães Junior com a avenida Faria Lima, na Vila Olímpia, com a proposta de levar música eletrônica underground para quem não era assim tão do under. A ideia deu tão certo que lá se foram 10 anos de casa cheia. Além da música, o Manga estreou cheio de conceitos e ideias originais, começando pelo convite para a inauguração: uma manga rosa de verdade entregue via motoboy na casa de cada um dos convidados.

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O Superloft repaginado para receber a #AbsolutNights feat. Manga Rosa: arquibas e um belo lustre

O Manga se tornou ponto obrigatório da ferveção em São Paulo e teve noites mega concorridas – e manhãs também, com o famoso after que fazia fila na porta. Seus personagens, decoração elegante e trilha sonora entraram para a história da cidade e ficaram no coração do público.

No último sábado (11), a gente pôde ter um gostinho de tudo isso de novo, tudo junto, ao mesmo tempo. Foi a vez das #AbsolutNights reviverem uma noitada no Manga, com tudo aquilo que se tinha direito: os canudinhos de neon, o dono da casa, Fernando Tibiriçá, na cabine, “ligando” seus incensos, o belo lustre que dava um ar de riqueza à decoração, pista lotada de gente animada e muito techno da época.

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Noise tocando e o dono do Manga, Fernando Tibiriça, como era de praxe, na cabine

Mesmo clube que recebeu as duas #AbsolutNights feat. Hell’s Club, o Superloft estava todo reconfigurado de modo que se tinha impressão de estar no Manga de 17 anos atrás: arquibancadas montadas nas laterais e nos fundos, lustre suntuoso, telão com o logo do Manga (que foi inspirado na logotipia da banda de rock progressivo Yes) logo atrás dos DJs e vários de seus personagens circulando pela festa.

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Vai encarar? Wilsão, o mesmo segurança que botava ordem no Manga, na #AbsolutNights

Já na recepção, Barbara Roig recebia os convidados com os famosos incensos, enquanto lá fora o lendário segurança Wilsão botava a mesma pose de quem-manda-sou-eu dos velhos tempos e a hostess Dea Marin curtia o reencontro com a turma do Manga como se não houvesse amanhã.

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Barbara Roig e seus incensos

O DJ Cristian Labra, ex-residente do clube, foi o primeiro a tocar, já dando a entender o que viria pela frente: só faixas clássicas do bom e velho techno. O público, que aos poucos ia lotando a pista, mostrou logo cedo que estava muito a fim de peso.

“O Manga sempre foi uma casa onde o underground prevaleceu”, dizia o proprietário Fernando, feliz da vida em ver tantos devotos de seu clube reunidos.

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Fernando e ao fundo o logo do Manga, inspirado na banda de rock progressivo Yes

Na sequência, o mineiro Anderson Noise mostrou que estava inspirado: tocou apenas a nata do techno, faixas como Sunshine (Thomaz e Filterheadz), Jaguar (DJ Rolando) e a uberclássica Born Slippy, do Underworld, talvez uma das mais icônicas da era de ouro do Manga e que, obviamente, fez a galera pirar.

Veja como foi o momento em que Noise tocou Born Slippy

Conversando com o Music Non Stop, Noise citou as noite mais inesquecíveis do Manga na opinião dele: as festas à fantasia e a primeira vez em que o mestre do techno, Carl Cox, tocou pela primeira vez no Brasil, ao seu lado, na cabine do Manga.

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Direto do túnel do tempo: esse dia com Carl Cox foi épico

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Claudinho I no som: de Laurent Garnier a Underworld

Já eram quase três da manhã, aquela hora em que a pista do Manga costumava ferver lá na Vila Olímpia, quando o ex-residente da casa, Claudinho I, assumiu o som. Já entrou quebrando tudo com o maior hit do techno nacional de todos os tempos, Pontapé, de Renato Cohen. Recado dado, era hora de chacoalhar a pista. Pois na sequência vieram um bis do hino Born Slippy e The Man With The Red Face, de Laurent Garnier, pra não deixar dúvidas de que aquele set era pra entrar pra história de cada integrante daquela pista de dança.

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Techno all night long? O público aprovou

Um dos residentes mais longevos do Manga, Claudinho lembrou de várias noites inesquecíveis no club. Numa comemoração de seu aniversário no Manga, uma festa à fantasia, ele lembrou de um amigo que veio vestido de padre e ficou com uma menina. “Ele foi dormir na casa dela e, quando estava indo embora embora, vestido de padre ainda, os pais da menina estavam na sala. Ele não teve dúvidas: fez o sinal da cruz e foi embora”, contou.

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Com uma história tão rica em noites memoráveis, personagens carismáticos e um público fiel, o Manga inscreveu seu nome em letras gorduchas e laranjas nos autos da música eletrônica nacional. A #AbsolutNights feat. Manga Rosa reviveu à altura essa lenda. Já estamos com saudades.

Veja como foi a ferveção no nosso vídeo

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Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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