Miami Horror, atração do Meca Festival: “a música pop está mais cool graças a uma rebelião contra a EDM”

Claudia Assef
Por Claudia Assef

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Uma das atrações do maravilhoso line-up do festival americano Coachella deste ano, a banda australiana Miami Horror promete ser o ápice do festival Meca Presents/SP, que rola nesta quinta (31), em São Paulo, ao lado de outras bandas legais, como Lumen Craft, Oh Wonder, Database e Gop Tun DJs.

Hit absoluto das pistas de indie e de pop eletrônico dos últimos anos, a banda já esteve no Brasil algumas vezes e mostrou que no palco são gigantes. Com influência forte da estética disco e de bandas dos anos 70, como Supertramp e ABBA, os músicos Benjamin Plant, Josh Moriarty, Aaron Shanaham e Daniel Whitechurch estão juntos desde 2010, fazendo música que é quase uma tradução sonora das belas paisagens de seu país de origem: leve, inspiradora e fresca. Este show gravado ao vivo em Sidney em 2014 mostra bem qual é a vibe dos caras no palco.

Pensando em esquentar os nossos tênis All-Star antes de partir pro Meca, o Music Non Stop fez esta entrevista bem legal por email com o tecladista, baixista e produtor da banda, Benjamin Plant. Ele aproveitou pra falar da cena musical global, de artistas australianos e até EDM. “Todo tipo de extremo de música, como EDM e dubstep, costuma desaparecer muito rápido. Na real já está quase no limite, enquanto a música pop está se tornando mais cool e indo pra um lado mais minimal. Muito disso se deve a uma certa rebelião contra a EDM. Então acho que iremos ver coisas mais criativas e honestas no mundo pop nos próximos anos”, disse Benjamin. Leia a entrevista completa abaixo.

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Music Non Stop – Esta é a terceira ou quarta vez que vocês vêm ao Brasil. Sentiram mudanças na plateia ou mesmo nas cidades que visitaram ao longo dessas visitas?

Benjamin Plant – A gente sempre se diverte horrores no Brasil, sempre ficamos com um feeling de que vai ser uma grande festa a cada vez que voltamos. Não percebemos grandes mudanças na plateia, mas o Rio é bem diferente das outras cidades e isso se nota nas pessoas também.

Music Non Stop – Vocês estão sabendo que o clima político está bem tenso no país neste momento?

Benjamin Plant – Não, estamos meio que boiando a respeito disso.

Music Non Stop – A música de vocês tem influências óbvias de alguns artistas, mas prefiro pedir a vocês que listem 5 das maiores influências da banda, por favor.

Benjamin Plant – De uma maneira não muito cronológica seriam as seguintes: Talking Heads, Daft Punk, Prince, New Order, David Bowie. Todos esses artistas são muito óbvios no nosso som!

Music Non Stop – Vocês não moram mais na Austrália, mas continuam acompanhando a cena musical de lá? A quais artistas a gente deveria prestar atenção?

Benjamin Plant – A gente segue a cena australiana relativamente de perto. Tem muita música boa saindo da Austrália, mas ela tende a mudar muito rápido. Artistas surgem e somem e tentamos não ficar muito apenas naquilo que surge como tendência. Com certeza você já ouviu alguns dos artistas que eu vou sugerir aqui, que são os que eu costumo recomendar: Flight Faclities, Client Liaison, Hayden James and Cassian.

Client Liaison – Free Of Fear

Music Non Stop – Vocês tocam em festivais em várias partes do mundo e certamente presenciam a molecada curtindo muito EDM. Vocês, por outro lado, investem num som mais relaxante, inspirado nos anos 70 e 80. O que futuro reserva para a música na sua opinião?

Benjamin Plant – Bom, todo tipo de extremo de música, como EDM e dubstep, costuma desaparecer muito rápido. Na real já estava quase no limite enquanto a música pop está se tornando mais cool e indo pra um lado mais minimal, muito disso se deve a uma certa rebelião contra a EDM. Então acho que iremos ver coisas mais criativas e honestas no mundo pop nos próximos anos.

Miami Horror – Cellophane (So Cruel)

Music Non Stop – Que artistas têm feito sons legais para a pista de dança na sua opinião?

Benjamin Plant – Sons dançantes estão sempre em mutação, gostamos de muitos gêneros, mas vou citar Leon Vynehall, Claude Vonstroke, Young Franco, Moon Boots e, claro, Todd Terje.

Todd Terje – Inspector Norse

Music Non Stop – Qual foi a coisa mais legal que aconteceu com vocês desde que se mudaram para Los Angeles?

Benjamin Plant – Acho que a atitude de mudança de vida. Aqui tudo mundo está sempre se mexendo e feliz, o que, para quem está de fora, pode ser visto de um jeito errado. Mas quando se está vivendo aqui por um tempo percebe-se por que as pessoas estão felizes. Tem muita coisa rolando por aqui, a cidade está se tornando o lugar para estar para todos os tipos de aristas. Los Angeles está lotada de oportunidades, enquanto Nova York perdeu sua habilidade de hospedar artistas, por conta de extrema gentrificação pela qual está passando.

Music Non Stop – Do que vocês mais sentem falta de viver em Melbourne?

Benjamin Plant – Das pessoas e do estilo.

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Music Non Stop -Vocês já tiveram algum problema com o nome da banda nos Estados Unidos?

Benjamin Plant – Não. Se bem que em Miami as pessoas acham estranho e não entendem muito bem.

Music Non Stop – Pra terminar, qual é o recado pra galera que irá ver vocês no show do Meca?

Benjamin Plant – Esperem músicas novas, músicas velhas e um show muito divertido!

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MECA PRESENTS/SP

Quinta (31), a partir das 22h
Local: Estúdio (Av. Pedroso de Morais, 1036 – Pinheiros – São Paulo)
Line-up: Lumen Craft, Oh Wonder, Miami Horror, Database e Gop Tun DJs
Ingressos: de R$ 90 a R$ 300

Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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