Maior que os Beatles? 13 provas da gigantesca importância do Kraftwerk para a música

Jade Gola
Por Jade Gola

Em 2016, o Kraftwerk foi classificado pelo The Guardian como “mais influentes que os Beatles”. De lá para cá, sua iconoclastia só aumentou.

Um de seus fundadores, Ralf Hütter, ainda está lá, e a novidade que o mês de maio traz para os fãs no Brasil é que os alemães se apresentam no C6 Fest, novo festival organizado pela Dueto Produções sob encomenda do banco C6. Hütter e seus parceiros da nova formação do Kraft se apresentam dia 18 de maio no Vivo Rio, Rio de Janeiro (clique aqui para comprar ingressos), e dia 20 de maio no Parque Ibirapuera, São Paulo (ingressos à venda aqui). Detalhe: foi através de outro show produzido pela Dueto que os alemães estrearam em solo nacional – o ano era 1998 e o festival era o Free Jazz.

Em 2016, na ocasião de um especial televisivo sobre a banda, o jornalista do The Guardian atreveu-se a questionar: “Kraftwerk – mais influentes que os Beatles?”. Chega a ser redundante afirmar que o grupo alemão é influente, mas é impressionante como o Kraftwerk é tema, assunto e segue com força vivo no ideário pop por tanto tempo.

Para tentar entender o tamanho desse legado, mergulhamos em leituras e fatos da banda buscando explicações para tamanho pioneirismo e importância. Levantamos 13 tópicos. Prontos? Então contem com a gente antes do beat cair: eins, zwei, drei, vier, fünf, sechs, sieben, acht

01. Fizeram pop com a música erudita experimental

O Kraftwerk e a música eletrônica não nasceram de geração espontânea. São ambos fenômenos de um processo cultural. No caso, do desenvolvimento da música experimental que compositores eruditos criaram a partir da década de 1950. John Cage, Stockhausen, Steve Reich, Pierre Schaeffer… Todos foram compositores que, entre EUA e Europa, fugiram do romantismo da escrita linear da música clássica e propuseram experimentos a partir de novas conceituações musicais e de novas tecnologias, de novos sistemas elétricos (a eletrônica).

O que o Kraftwerk fez, a partir de “Autobahn” em 1974, foi misturar essa música erudita experimental com pressupostos da indústria fonográfica e, assim, criar uma nova música pop. Essa música nova veio a ser, em concepção estética e sociocultural, a tal “música eletrônica” (o termo já era utilizado pelos eruditos muito antes do Kraftwerk, como veremos).

Dos experimentalistas, o Kraftwerk absorveu a livre temática de composição, o serialismo e o phasing (sequenciamento simultâneo de elemento sonoros pré-gravados), junto de melodias e um espírito pop que, no caso, era baseado num futurismo tecnológico e uma nostalgia a elementos cotidianos (rádios velhos, carros e fotos bucólicas da banda, ao mesmo tempo que sua música era nova e vislumbrava o futuro).

O Kraftwerk foi o ponto de convergência entre o pop e a música erudita experimental no século 20, e desse cruzamento nasceu a eletrônica/dance music.

“(a banda) desenvolveu uma música ao mesmo tempo intelectual e de entretenimento, com conceitos baseados em melodias folk românticas, mas baseadas com temas técnicos e da ciência moderna, com instrumentos contemporâneos e uma confidente e autônoma apresentação“Wolfgang Flür, ex-integrante

Os alemães num show em 1976 em Zurique, sempre à frente de seu tempo. Foto: Ueli Frey/Creative Commons.

02. Expoentes da forma minimalista

Ao fugir da rebeldia instrumental do krautrock de sua época, a grande sacada do Kraftwerk foi focar na síntese das pequenas formas musicais. O minimalismo, uma atenção a poucos e funcionais elementos musicais que, em conjunto, formavam uma composição mais limpa, novidade no pop de então.

Da retirada de muitas camadas sonoras, Ralf Hütter e Florian Schneider vislumbraram a possibilidade de polir uma nova música, mais intelectualizada e sem deixar de ter a pecha melódica pop. Tal iniciativa foi fruto inerente de uma época do foco nas formas na arte (pense na colagem, na funcionalidade do design Bauhaus – isso é a forma abrindo as porteiras de toda arte pós-moderna).

É desse novo experimento pop que o metrônomo (o tic-tac do relógio) passou a ser a principal métrica e compasso de uma nova música pop. Essa característcia fez que sintetizadores e sequenciadores substituíssem os instrumentos e a virtuosidade de músicos. Em “I Was a Robot”, o instrumentista Wolfgang Flür conta como foi estranho pra ele, um baterista talentoso, ter que aparecer no principal canal de TV alemão tocando uma bateria eletrônica simplória, pois Ralf e Florian queriam o set-up mais enxuto possível.

Assista e repare na percussão de Wolfgang, e imagine como isso era novo e estranho àquela época.


03. Sempre estiveram à margem de rótulos 

Fluida, denotativa e aberta à sobreposição (o remix), a música eletrônica é um campo que problematiza terminologias definitivas. Falando por nós, jornalistas, sabemos como é difícil arrancar de músicos e DJs associações a gêneros e categorias!

Essa verve anticlassificatória vem do Kraftwerk. Contemporâneo de bandas do krautrock que faziam sucesso no começo dos anos 70 (Can, Tangerine Dream e Cluster, entre outras), o Kraftwerk fez fama ao fugir do zeitgeist desse rock alemão criando um som novo e próprio, que por falta de nome acabou sendo a “música eletrônica” que temos e amamos hoje. As biografias ilustram como eles queriam fugir do prog e krautrock e gostavam da confusão sobre que nome tinha essa nova música mais minimalista, esquisitona e centrada na forma que eles criaram a partir de “Autobahn”.

“Robo pop” e “industrielle volkmuzik” foram termos que eles disseram à época gostar, mas que nunca pegaram de forma literal. Estes foram raros momentos de autorrotulação da banda na imprensa, e que pouco se repetiram.

Há registros do termo “música eletrônica” desde 1951, para o experimentalismo de compositores eruditos. E esse nome, por falta de um denominador unânime (algo como “rock”, ou “jazz”), segue até hoje como sinônimo da dance music e nunca foi negado (mas tampouco assumido) para o Kraftwerk. Vale frisar que “música eletrônica” ainda se refere, até hoje, a estéticas e subgêneros de composição no campo erudito e eletroacústico. Ninguém está aqui para simplificar, caros leitores…


04. Fizeram dos synths protagonistas do pop

“Autobahn” foi o primeiro hit global de uma música baseada em sintetizadores ligados a drum machines. Nesse sentido, como atesta o biógrafo Pascal Bussy, o Kraftwerk foi pioneiro – se não o mais esperto – em fazer da estética synth um elemento de apelo pop internacional.

Até então o sintetizador era elemento de apoio ao rock progressivo que, ao contrário do som do Kraftwerk, era maximalista, mais barroco. Ou então era ferramenta experimental, coadjuvante, em gêneros distintos como o erudito bem pensado e a psicodelia pós-1968. São várias (e angustiantes) as histórias de perrengues da banda com os sintetizadores nos primeiros shows, com o set-up ainda de fios aparentes, os synths como uma novidade no meio do palco e que precisavam de bastante tempo “esquentando”.

05. É o nome mais biografado da música eletrônica

Para deleite dos leitores brasileiros, a Editora Seoman lançou em portugês em 2015 o livro Kraftwerk Publication”. Apesar de megalômano, o prefácio está certo ao propor que se trata da “maior bibliografia que reúne informações sobre a banda”. Ou seja, Kraftwerk é um tema em estudo há anos, que precisa sempre de novas consolidações textuais, acadêmicas e bibliográficas.

A música eletrônica, relativamente jovem, é fraca de grandes obras textuais em livro, sobre seus protagonistas e fenômenos, bem ao contrário do rock. Mas devida à grandiosidade do Kraftwerk, a banda foi bem estudada e biografada. Kraftwerk: Man, Machine and Music, obra de Pascal Bussy de 1993 ainda é o livro mais referenciado e importante, pelo pioneirismo e densidade analítica. Ex-integrante, Wolfgang Flür escandalizou em 2000 seus ex-companheiros de banda com I Was a Robot, biografia cheia de detalhes e fofocas incríveis sobre o cotidiano kraftwerkiano.

Você ainda lerá fatos, dados, biografias, análises e contextualizações acerca o Kraftwerk em qualquer livro ou artigo decente que tente mapear a música eletrônica e o pop como um todo.


06. MAN-MACHINE
: ícones do tecnopaganismo

Anos antes de Blade Runner e Avatar, e como ninguém na música, o Kraftwerk é emblema de um tecnopaganismo contemporâneo que desenhou novos discursos metafísicos e estéticos para melhor expressar a relação dos homens com a tecnologia.

De forma pioneira, o Kraftwerk propôs com sua música que essa distinção está acabado: homem e tecnologia são a mesma coisa – man machine.

Os robôs kraftwerkianos descansando antes de uma apresentação na TV francesa

Os robôs kraftwerkianos esperando para irem ao ar numa TV francesa

Robôs de si mesmo, o Kraftwerk se entregou à ideia de que a tecnologia não só nos acompanha ou completa, mas é nossa essência. Essa “desnaturalização”, que também foi uma grande crítica à música criada por eles, moldou as estruturas da música eletrônica como um gênero em que técnicas, ferramentas e tecnologias são protagonistas, e não como mero elementos associados ao homem. É nesse sentido que a banda dizia que o estúdio Kling-Klang, mais do que um “ateliê” ou coisa do tipo, era “a própria banda” por ser o centro de suas experimentações.

É por causa do tecnopaganismo kraftwerkiano que tocamos música eletrônica a partir dos computadores pessoais, essas nossas pocket calculators que podem nos igualar a artistas, a músicos. É por causa dos robôs alienados da banda no palco que o foco saiu do “gênio artístico” e passou às estruturas tecnológicas que perpassam nosso dia a dia e os ambientes musicais. É por causa do Kraftwerk que essa música se firma com o nome de ELETRÔNICA, termo que se refere a um “sistema” de tecnologias em conjunto, e não a um elemento ou virtude humano.


07. É das bandas mais internacionais que existe

A fama global do Kraftwerk, denotam suas biografias, deve-se em parte a um fenômeno: o rádio. É por isso que após “Autobahn”, a banda quis que o LP seguinte tivesse como tema a “Radioactivity” (não só radioatividade atômica, mas também as ondas do rádio). “Autobahn” estourou nos EUA afora com seu radio edit de 4 minutos (a original tem 22 minutos) por ter tocado nas rádios de tudo quanto é cidade do gigantesco Tio Sam.

Imediatamente, a banda foi excursionar por diversas cidades dos EUA, Canadá e UK, inclusive pequenas e médias cidades americanas, em colégios, cimentando assim sua iconografia musical de forma internacional desde os primórdios. Vale atestar também como a clareza rítmica e os temas universais da banda têm alcance global.

As várias e longas turnês mundo afora foram um fato intenso e bem registrado da história da banda, um dos motivos que enriqueceram seus integrantes. Há histórias fascinantes de shows na Índia nos anos 70 e do sucesso particular em regiões como Suíça, França e Japão, por exemplo

Só no Brasil a banda já veio cinco vezes. Parte desse plano de dominação global do Kraftwerk gerou diversas versões de músicas em línguas que não o alemão e inglês. Há diversos lados B oficiais e bootlegs de shows onde a banda canta em espanhol, japonês, polonês, francês e italiano, entre outros registros citados de línguas como russo, croata, romeno… Nos shows de 2009, abrindo para Radiohead em SP e no Rio, eles contaram os números em português!

08. Mecanizaram a repetição da dance music

O filósofo italiano Giorgio Agamben diz que uma nova cultura só se estabelece e se desenvolve ao propor uma nova transformação do tempo. A música eletrônica não foi pioneira em faixas longas – o prog rock já esticava em solos de guitarra o pop desde os anos 60, e os eruditos precursores do Kraftwerk filosofaram sobre o tempo musical. Mas reside nas temáticas e composições do Kraftwerk grande parte do music non stop da dance/eletrônica, que de fato significaram uma nova experimentação temporal no pop.

“Mais do que ser a morte de qualquer coisa, era o nascimento de um novo tipo de música. Quase sozinho, o Kraftwerk veio provar que a música eletrônica tinha que ser levada a sério” – PASCAL BUSSY, biógrafo da banda

O Kraftwerk propôs o automatismo musical maquinário e tecnológico, robótico, criando canções como se programam computadores, muito longe da inexatidão e da virtuosidade humana. Parte das práticas musicais do Kraftwerk eram experimentos como deixar os synths gravando em loop por dias no estúdio, de onde saiam timbres, linhas sonoras peculiares. Junto dessa verve automatizada, que como já vimos vem da origem erudito-experimental, está o alongamento da música por DJs, em discos de 12”, a disco music “sintetizando” o funk, as “tracks” de gêneros dançantes como dub/house music, as boates e raves que não fecham nunca, as drogas.. e pronto… nenhum gênero ruma e bipa tanto ao infinito, ao continuum musical, como a eletrônica. MUSIC NON STOP!

 

09. Musicaram a velocidade e o movimento

Vimos que o “folk” do Kraftwerk é um futurismo nostálgico, que transforma em música iconográfica elementos do cotidiano. E dois vértices temáticos e conceituais importantíssimos da iconografia da banda são a velocidade o movimento. Se existe o Chemical Brothers fazendo de trens em movimento o tema audiovisual de um videoclipe, é porque um dia o Kraftwerk teve a histórica ideia de ambientar em música o cenário das pessoas numa estrada – a “Autobahn”, um pressuposto para todo o andamento e o compasso da música eletrônica.

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Outros exemplos: “Metal on Metal”, faixa de “Trans-Europe Express”, é das maiores influências diretamente audíveis do Kraftwerk no techno e na eletrônica industrial, tema que surgiu da curiosidade da banda em pautar música a partir do atrito dos ferros de trens velozes. A correia das bicicletas virou o chimbau frenético de “Tour de France”, e o folk kraftwerkiano sobre meios de transporte e o deslocamento do ser humano se transformaram em algumas das grandes forças conceituais e estéticas da música eletrônica, mecanizada.

10. Criaram diversas narrativas visuais

A parte visual dos shows é essencial para o Kraftwerk. Desde o espasmo frente ao público com o novo maquinário synth futurístico nos anos 70, passando pelos robôs-avatares dos integrantes e as projeções cinematográficas, a banda sempre deu atenção ao apelo visual, fato que os multidisciplinou em outras frentes de atuação e de relação com a tecnologia.

Mais recentemente, a banda foi uma das entusiastas dos shows em 3D. Desde 2009 países como Estados Unidos, Letônia, Japão, Alemanha e Reino Unido curtiram o Kraftwerk live com o óculos 3D na face, vendo os trens de “Trans Europe Express” no meio da fuça. O Brasil não ficou de fora, e os paulistanos curtiram o Kraftwerk 3D no Sónar SP, headliners que substituíram de última hora o cancelamento de Björk no festival.

*Como apontou o esperto leitor Beto Chuque, o Kiss já havia feito shows em 3D no fim dos anos 90. Retificamos a informação e nossa análise.

11. Regravaram digitalmente todo seu acervo

Após a fraca recepção de “Electric Café”, em 1986, o Kraftwerk trancou-se no estúdio Kling Klang em Düsseldorf para uma tarefa hercúlea: regravar toda sua discografia e elementos sonoros, estocados em fitas velhas, para o formato digital.

O projeto só foi finalizado cinco anos depois, em 1991, com o lançamento de uma particular coletânea de “best of”, o álbum “The Mix”. Mais do que uma simples listagem dos maiores sucessos da banda, eles se autossamplearam e regravaram todas as faixas de novo, inclusive as vozes.

“Transferimos para o digital todos nossos sons, nossa memória, nossas fitas velhas que estavam desmagnetizando, e mudamos todos os sons originais para o formato digital na memória de computadores. Agora toda a enciclopédia do Kraftwerk está à nossa disposição, um catálogo completo” – Ralf Hütter, 1991.

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A longa elaboração e refeitura sonora do “The Mix” os muniu para que eles pudessem excursionar até hoje sem problemas com as tecnologias e hardwares/softwares musicais de nosso tempo. Em “The Mix”, faixas como “Radioactivity” tiveram seus vocais mais clareados, e “The Robot”, lançada em 1978, ganhou peso nos beats dançantes, para acompanhar a força do techno que eles ajudaram a criar e ganhava destaque no começo dos anos 90.

No começo de 2015 caiu na rede um vídeo que mostra o set-up do Kraftwerk ao vivo em Amsterdã. A mídia especializada espantou-se com a ausência dos fetichizados sintetizadores analógicos, e listaram alguns dos componentes: teclado MIDI, Cubase, iPad, controladoras… Mais século XXI impossível.


12. Sempre atentaram aos DJs e à dance music

Obcecados com os trends do pop, o Kraftwerk esteve antenado desde sempre à evolução da dance music que eles ajudaram a criar. Entrevistas de Ralf Hütter registram a observação do fundador da banda sobre o fato de que “negros e latinos” eram os que mais dançavam, por exemplo, uma visão sociocultural sobre o próprio gueto de surgimento de gêneros como house music.

Em “Showroom Dummies”, de 1977, ano auge da disco music, eles cantam, robotizados: (“We go into a club / And there we start to dance / We are showroom dummies”). Da austera e ainda levemente krautrock “Autobahn” até essa música, não levou 3 anos para o Kraftwerk já referenciar a dance music que eles influenciavam e compartilhavam contemporaneidade…

Entre o fim dos anos 70 e na primeira metade dos anos 1980, a banda exibia e testava suas demos junto dos DJs. Essa prática foi acentuada nos idos do LP “Electric Café” (1986), quando a dance music e o DJing de “eletrônica” já eram uma realidade consolidada.

Em 2012, Ralf Hütter fez uma canja com François Kervorikan em NY (Foto: Greg Cristman)

Em 2012, Hütter cantou com Kervorikan em NY (Foto: Greg Cristman)

Entre alguns dos DJs amigos e privilegiados que testaram o Kraftwerk antes de todo mundo na pista – e até mesmo visitaram o estúdio Kling Klang – estão Karol Martin, do Morocco Club em Colônia; Boris Venzen, em Bonn; Jenn Lissat, de Dusseldorf e François Kervorkian em Nova York, esse último um famoso e seminal houseiro que foi remixador pioneiro e de confiança da banda.

E eis uma foto recente, muito forte da simbólica ponte entre EUA-Alemanha na música eletrônica. Ralf Hütter virou umas tracks com Juan Atkins em 2014, após um show do Kraft em Detroit:

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13. Banda foi desejada por estrelas do pop

Você não é ninguém no show business se não fizer parte do show business, demanda pop que o Kraftwerk cumpriu muito bem. É notória a admiração de David Bowie, especialmente nos seus anos de Berlim, quando a “fria” e meticulosa música eletrônica europeia foi uma inspiração para o camaleão do rock gravar os discos “Low”, “Heroes” e “Lodger”. Relata-se que ele os convidou para um turnê conjunta, convite negado como parte da obsessão de Ralf Hütter e Florian Schneider em serem misteriosos, isolados.

O noticiário e biografias da banda recontam ainda que Elton John, em seu auge, tentou se aproximar da banda, e até Michael Jackson entrou em contato com eles ao elaborar o seu histórico LP “Thriller”. Envolvimentos überpop todos rejeitados pela dupla que comandava o Kraftwerk com punhos de ferro. Em “I Was a Robot”, o ex-integrante Wolfgang Flür conta deliciosos bastidores do grupo, com histórias de encontros e festas dos Kraftmen com estrelas do pop. O livro fala até de um flerte de Flür, considerado o “galã” da banda, com ninguém menos que Grace Jones, em uma festa da cantora no famoso clube parisiense Le Palace.

E o maior emblema da presença do Kraftwerk no panteão das estrelas pop do século XX está registrado pela banda mesmo, nas letras de “Trans Europe Express”: “…from station to station back to Dusseldorf City…Meet Iggy Pop and David Bowie…”.

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