Com brasilidades e mulheres em alta, Dekmantel prova que música boa pode arrebatar multidões

Claudia Assef
Por Claudia Assef

TEXTO CLAUDIA ASSEF E BIA PATTOLI
FOTOS ARIEL MARTINI, EDUARDO MAGALHÃES E GABRIEL QUINTÃO

Num fim de semana em que a boa música venceu a repressão, São Paulo reviveu os áureos tempos de festivais como o saudoso Free Jazz, graças a uma bem-sucedida primeira edição do Dekmantel, festival holandês que pela primeira vez botou os pés pra fora de casa e já chegou causando uma bela impressão e amealhando quase 15 mil pessoas em seus quatro eventos (dois dias e duas noites).

Nicolas Jaar e seu sax no início de um live belíssimo.

São Paulo vive hoje um esquizofrênico racha entre ser uma cidade altamente vanguardista em diversos aspectos – nos quesitos noite e música estamos bem demais na fita – e altamente reaça em outros. Na sexta-feira (3), um dia antes do início do festival, uma matéria no site da Jovem Pan equivocadamente chamava o festival de rave (nada contra as raves, aliás, tudo a favor, mas não era o caso, né?). O texto insinuava que os frequentadores “desse tipo de festa” comumente “urinam nas ruas, usam todos os tipos de drogas indiscriminadamente, o consumo de bebidas alcoólicas é tremendo até mesmo por menores e são flagrados praticando sexo na rua”.

O incrível palco Gop Tun Boiler Room, onde se apresentaram Hermeto Pascoal, Azymuth e Bixiga 70.

Por conta da repercussão negativa do tal texto, a programação do sábado teve que ser adiantada em quase uma hora e policiais chegavam aos montes para garantir que nenhum frequentador fizesse xixi nas belas calçadas da região. Por pouco, o festival não teve seu alvará cancelado!

Passado o susto, uma vez dentro do Jockey Club, os “ravers” ficaram de frente à magnitude do Dekmantel. Cinco palcos cuidadosamente montados, com sistema de som perfeito, cenografia enxuta e elegante, em que os espaços do Jockey ganharam realce e zero de ostentação. Bares funcionando bem, banheiro quente, mas normalmente limpo (com direito a papel higiênico e espelho), comidas gostosas, loja (muito boa) de discos, nada de área vip (obrigada!) e, acima de tudo, música boa em todos os palcos, em todos os momentos. Como disse um amigo sobre a apresentação do DJ americano Moodymann: “ou você dança ou aprender a dançar”. Realmente não tinha escolha!

O Main Stage: tudo certo, mas fica nosso protesto: praticável muito alto deixava à mostra só a cabecinha dos DJs

E como se dançou neste festival! Fosse no espaçoso Main Stage, próximo de onde acontecem as corridas de cavalos, e que no sábado virou um lamaçal após a chuva (momento rave mode on!), ou na pista UFO – que virou um xodó aqui pra trupe do Music Non Stop, chamada carinhosamente de inferninho – o que não faltou foram momentos musicais de lavar a alma. Um equilíbrio inteligente do line-up levou ao público do Dekmantel o charme de um mix perfeito entre brasilidades (shows incríveis de Hermeto Pascoal, Bixiga 70, Azymuth) com momentos technêra boa dus infernos (Jeff Mills é nosso pastor, nenhum beat nos faltará!), neotrancera moderna com Nina Kraviz, groove pra chamar de nosso (Moodyman e Nicolas Jaar… ô lá em casa) e tantas, mas tantas mulheres poderosas, que deu gosto de ver.

Algumas favoritas da casa: Helena Hauff (pra presidente da Alemanha após o mandato de Angela Merkel!), a nova-iorquina dona de um live estarrecedor Aurora Halal, a russa cheia de veneno Dasha Rush, e a grooveria da alemã Lena Willikens, as quatro tocando na parte dia, e a nossa linda Cashu, quebrando tudo no sábado à noite, na Fabriketa.

Palco Selectors: melhor localização, ficava na passagem, não tinha como não prestigiar

Falando em Fabriketa, ali os brasileiros nadaram de braçada. Além da Cashu, L_cio, Tessuto, Luisa Puterman e EXZ mostraram que são os brasileiros que sabem exatamente do que São Paulo gosta. Momento lindo de valorização do artista nacional, que se estendeu por todos os palcos do festival, perfilando nossos gigantes pela própria natureza: Davis, Marcio Vermelho, Zopelar, Tata Ogan, Ney Faustini, Renato Cohen, Benjamin Ferreira, Fatnotronic, Elohim, Carrot Green, Selvagem, Mauricio Fleuri, 40% Foda Maneiríssimo, Caio T e Gui Scott (ambos do núcleo Gop Tun, coprodutor do festival). Isso sem contar os clássicos nacionais Hermeto Pascoal e Azymuth, não foi à toa que uma verdadeira horda de estrangeiros vieram presitigiar a primeira edição do festival.

Fora o line-up fantástico, o festival tinha clima de praia (o sol quente nos dois dias ajudou), espreguiçadeiras de madeira (sim, isso mesmo) foram colocadas em diversos pontos da praça montada logo na entrada do espaço. Ali foodtrucks, bar, mesas de madeira e o palco da parceria das rádios Na Manteiga e Red Light Radio; faziam as vezes de chill out praiano. Teve chuva? Teve e foi muita! Foi um verdadeiro aguaceiro ao meio dia do sábado, seguido por outro às 17h. Os mais prevenidos levaram capas de chuva e foram de galochas; mas a produção foi esperta e distribuiu gratuitamente capas plásticas nos bares. Mas a chuva não atrapalhou em nada os fervidos, que não paravam um minuto em qualquer um dos palcos. Entre um toró e outro, teve apresentações com o sol queimando a cabeça, como foi o caso de Brian Shimkovitz, mais conhecido como Awesome Tapes From Africa.

Veja como foi a transmissão ao vivo do palco Gop Tun Boiler Room no sábado (4)

O rapaz entrou para tocar e, em vez de fazer a tradicional manobra de ajeitar os discos, ele ajeitava fitas K-7. Eram 2 cases do puro creme da sonoridade africana. No finzinho da sua apresentação, foi bonito de ver clubbers, góticas, gringos e curiosos se aglomerando para ver o show da banda Azymuth, que começou embaixo de um sol escaldante e terminou com uma chuva de lavar a alma ao som do hit Jazz Carnival. Ali já dava para ter certeza: o Dekmantel SP veio com intenção de deixar uma marca poderosa na história de festivais da cidade.

Brian suando em bica ao lado de suas preciosas fitas K7

Outro grande destaque do primeiro dia foi o Sr. Miyagi do techno japonês, o veterano DJ Nobu. Em sua primeira passagem pelo país, o DJ fez um set para techno-head nenhum botar defeito. E até quem não é fã do gênero foi fisgado pelo set dele – sim, presenciamos isso! Enquanto isso, a Nina Kraviz fazia bonito no palco principal, mostrando que mulher é headliner sim. Aliás, por falar em mulheres, nunca vimos tanta mulher junta em uma produção de evento. Só na produção executiva (que é quem faz a coisa acontecer) eram mais de 20 mulheres. E não parava por aí, tinha camerawomen, minas trabalhando nos camarins, bares, loja de disco, segurança, foodtrucks, elas estavam por toda a parte. O Dekmantel pode ter tido mais artistas homens que mulheres no line-up, mas na produção a história era diferente e foi bem animador de ver isso.

Palco da parceria entre Na Manteiga e a holandesa Red Light Radio

Enquanto no primeiro dia o groove tomou conta do clima do festival, no domingo foi a vez do techno reinar. Claro que houve momentos de resistência, como foi o caso do DJ set da dupla Selvagem e do DJ Benjamim Ferreira, que durante sua apresentação regada a disco, no palco das Rádios, foi o primeiro DJ a formar uma pista delícia na pracinha. Ainda sob um sol quente, Hermeto Pascoal reuniu uma plateia que não sabia ao certo como dançar ao seu som transcendental e experimental. Mas, um dos nomes que mais chamaram a atenção do domingão sem chuvas foi Moodymann. Foi só soltar Do It Again de Steely Dan que, pronto, o Main Stage veio abaixo.

Duas críticas construtivas: a cenografia do Main Stage incluía um praticável super alto no palco, que impedia quase que totalmente a visão dos DJs. Talvez um telão mostrando o trabalho dos artistas (ah, como fez falta ver o que o Jeff Mills estava fazendo, do jeito que ele faz, na velocidade com que ele faz!) seria uma saída legal. Outra questão diz respeito ao preço do ingresso. A ideia de conceder meia-entrada mediante a doação de livros foi bem boa, mesmo assim o valor (R$ 225) fez com que muita gente interessada não pudesse ir. Pensar em meios de reduzir este valor (não sabemos como!) ou oferecer uma carga de ingressos mais baratos seria legal pra trazer maior diversidade ao público.

Como aqui no Music Non Stop a gente gosta muito dessa mistura-dançante-do-bem-sem-rótulos de line-up, ficou fácil da gente gostar do festival. Então, para aumentar o repertório de opiniões, convidamos alguns amigos que foram ao festival para dizerem por eles mesmos o que acharam do Dekmantel São Paulo. Se liga.

Renata Chebel, artista visual

Achei a cenografia linda. O sábado foi mais groove, mais orgânico um pouco. Eu quase nao vi o palco principal de domingo, achei que o festival tava mais no embalo da Fabriketa hahahah Tava tudo mais techno. O Moodymann foi bem foda, todo mundo passando mal com o set, supergroove. Mas eu queria dar uma espiada no Huerco S, aí fui lá e tava bem massa e mais vazio, afinal todo mundo no Moodymann, claro. O álbum do Huerco S. é mais ambient, mas o dj set é outra coisa. Depois dele vi uma parte do show do Bixiga 70, foi delícia, adoro eles. Todo mundo dançando, aquele palco (Gop Tun Boiler Room) era de lascar de quente de dia, mas a noite, com as luzes acesas, era o mais lindo. Vi Awesome Tapes From Africa depois os djs da Dekmantel, que mandaram muito bem aliás, tava uma pistinha delícia.

Mara Natacci, advogada

Mara Natacci (2a da esq. para a dir.) e amigos no Dekmantel

Festival no tamanho sustentável que proporcionou ao público a oportunidade de conhecer todos os palcos e assistirem a diversas atrações. Com boa curadoria musical, num espaço incrível que infelizmente não poderá mais ser utilizado, pois meia dúzia de vizinhos influentes plantam notícias equivocadas na Jovem Pan ameaçando a realização de eventos assim.

Monique Dardenne, produtora cultural e advogada

A grande surpresa foi a Aurora Halal. Moodyman foi um dos pontos altos pra mim. Azymuth, Joey Anderson e Dasha Rush foram muito bons também. No Palco Na Manteiga vi a Tata Ogan e um pouco do Fatnotronic que foi um dos pontos altos e mais cheios que percebi no charmoso minipalco. O festival foi impecável na organização, limpeza, aproveitamento do espaço e disposição dos palcos, filas… Só amor pela música!

Camilo Rocha, jornalista e DJ

Tenho vários motivos para elogiar o Dekmantel: organização ótima, disposição dos palcos/pistas, que nunca interferiam uns com os outros, vontade do povo de ser feliz. Mas quero destacar aqui a abertura musical de um evento e de um público que apreciou de Emílio Santiago às voadoras de 135 BPM do Jeff Mills. Em um passado não muito distante, a música eletrônica na cidade estava num lugar bem esquisito. Anos de novas festas e novas pessoas depois, tem uma empolgação e energia fortes no ar outra vez. O Dekmantel meio que coroa esse momento de saúde do cenário. Uma ressalva: preço do ingresso podia ser mais acessível para garantir maior diversidade de público. Em tempo: foi festa rave sim, e no melhor sentido da palavra, pé no barro e vibe no céu.

Marcos Boffa, produtor cultural

O norte americano Huerco S me agradou bastante pelo ecletismo das referencias que no inicio do seu set fazia lembrar musica do sudeste asiatico e no desenvolver do mesmo era com uma colagem de memórias de musica para pista. Nicolas Jaar sempre impressiona pela capacidade de criação de texturas e narrativas sonoras que nunca cedem a tentação fácil de uma longa sequência de beats para bailar. Ao mesmo tempo, ele tem um ouvido e uma malícia pop o suficiente para não transformar seu set apenas numa viagem narcisista.

Danilo Poveza, redator e clubber

Meu nome do primeiro dia foi Nina Kraviz. Ao contrário do que me sugeriam os vídeos dela tocando pelo mundo, não foi uma porradona no côco; era techno, vigoroso, mas veio direto pro coração. Foi classuda e casou perfeito com o crepúsculo das oito no céu de São Paulo. Também me diverti com o DJ Paulão, que veio sacando toda inner África num batuque precioso e o Bixiga 70, que leva a sério a tarefa de performar no palco. Arrebentaram. O big name do meu domingo foi o Moodymann. Meio que numa gentileza informal o cara já saca uma faixa brasileira como primeira música da apresentação. Depois, derruba um soul de fazer moleque chorar, muito bom e muito mestre. Teve DJ passando mal do meu lado na pista, demos as mãos e só agradecemos. Passou rápido demais, uma pena. Também foi lindo ver os Selvagem e o Carrot Green logo cedo. Acho que eles até andam na mesma praia mas estavam com inspirações diferentes e acertaram legal.

Edu Corelli, DJ

Edu Corelli (esquerda) não foi trabalhar, só curtir e pagou feliz pelo ingresso

Sobre o festival: sim paguei R$ 225 reais (décadas não pagava show no Brasil) e valeu a pena ver o melhor do domingo = mago Hermeto Pascoal e sua fusionbrasilianbeats, ver Moodymann deixando a geração catuaba sem saber dançar o seu fricassê maravilhoso de discosoulhousetechfunk, de dançar o house politicamente correto do Joy Orbison e ver O SHOW (ou como vocês dizem, live) do espevitado Nicolas Jaar, foi fricassê sonoro esquisito e maravilhoso de pós-punk a newacid, me senti num mix de show de Primal Scream com Kraftwerk. Parabéns aos envolvidos no Dekmantel Festival.

Renata Simões, jornalista

Renata Simões (à direita) só não gostou do layout da cabine do DJ

Acho que o festival veio cobrir uma lacuna de um evento que se preocupa muito com o groove. Senti um grande clima do Free Jazz Festival, aquela coisa de ter um mix equilibrado de atrações. Você vê Hermeto Pascoal e cai no Moodyman. Foi pra mim um dos melhores do dia. Moodyman, o Nicolas Jaar, o Ben UFO & Joy Orbinson. O line-up estava muito bom, aquele palco inferninho onde tocou a Helena Hauff estava incrível. Tinha cara de festa underground mesmo! Vi uns vídeos do Fatnotronic tocando depois e achei tão legal. Foi um festival muito bem produzido também, feito pra um público mais exigente mesmo. O lugar estava lindo, a decoração estava boa, tava fácil de andar. Achei tudo bem acertado. A única crítica que eu tenho é que não dava pra ver o DJ tocando. Eu sou de uma geração que gosta de ver o DJ tocando! Isso ficou ruim!

Coy Freitas, diretor artístico na B/Ferraz

Coy Freitas (de branco) ficou bem impressionado com a riqueza do line-up e com a utilização inteligente do espaço do Jockey Club

O Dekmantel superou as expectativas. Um festival que une conceito, conteúdo, personalidade e linguagem. Como um festival de música, ele investiu nas duas coisas mais importantes, line-up e sistemas de som (qualidade impecável em todos os palcos). Entendendo que o local já era um cenário incrível, não se gastou (ou melhor, desperdiçou) dinheiro com cenografia. Tudo era somente um suporte para os artistas, com pequeninos detalhes, sem nenhuma ostentação… consciente, brilhante. A estrutura toda a serviço do público, ou seja, conforto, com ótimos bares e serviço inteligente “cashless”, banheiros em número correto que não geravam perrengue. Foi um festival, principalmente a parte diurna, de nível internacional, de país civilizado. Sendo isso, acho que somente a segurança estava trabalhando num modelo “brusca”, um pouco agressivos, tanto na revista da entrada quanto lá dentro, mas nada que comprometesse o festival.

E, pra completar, o público, ontem deu pra entender por que eu gosto da minha cidade, amo SP (apesar de inúmeras queixas). Tava todo mundo lá, a galera que gosta, que viaja, que conhece, que, principalmente, DANÇA. Era só gente bonita, informada, com repertório, que sabia o que queria ouvir e dançar, e assim, ficou ainda mais impecável. Mais um acerto da organização, souberam dimensionar o tamanho do festival para o público certo. O desafio… não crescer! Pois o crescer pode romper alguns pilares dessa construção incrível que a marca Dekmantel iniciou no Brasil. Parabéns a todos. No domingo teve tanta música boa que não dá pra escolher um melhor, foram oito horas de música boa lavando a alma, acariciando os ouvidos, cansando as pernas e sorrindo. Vida longa ao Dekmantel! Ahhh, sem querer esticar mais… me veio a sensação, a vibe da época do Free Jazz Festival no Jockey, logo depois o Tim Festival. Acho que tinha esse espírito lá ontem novamente… e que o Jockey possa entender que ele precisa de eventos assim, pra justificar a sua existência naquele local de nossa cidade, pois para ter somente corrida de cavalos, não faz o menor sentido.

Giuliana Viscardi, DJ 

O que eu mais gostei foi o Moodymann maravilhoso tocando Steely Dan no Main Stage. Organização impecável, finalmente um festival sem filas e com banheiro limpo.

Danilo Cabral, DJ das festas Puro Sulco e Noites Trabalho Sujo

O Danilo captou Fatima Yamaha causando no Main Stage

O Dekmantel SP foi um festival exemplar, desde o line-up maravilhoso até a organização, infra-estrutura e, principalmente, pelo respeito ao público presente. Meus shows/sets preferidos foram Young Marco, Azymuth, Palms Trax, Fatima Yamaha e o Nicolas Jaar.

Arnaldo Robles, DJ 

Na loja de discos do festival, o Arnaldo nem tinha chegado, mas já tinha disco reservado pra ele.

Organização do melhor nível, palcos bem estruturados, diversidade musical impecável. Minha única critica é o cartao pré-pago, mas isso é um pequeno detalhe, de resto tiro o chapéu pros organizadores, acho q foi o melhor evento q ja fui aqui no brasil. Considerando o nicho q queriam atingir, não tiro nem ponho nada, foi perfeito.
Dos artistas, Jeff Mills estava quebrando, mas fiquei pouco (vi ele no Sónar e em mais 2 outras oportunidades e acabei não dando uma chance maior a ele pelas outras apresentações). Pontos altos: Hunee, Anthony Parasole, Solar, Bixiga 70, Awesome Tapes From Africa, Nobu, Ben Ufo e San Proper – só atropelo! A rádio estava muito boa também, quem estava na transição dos palcos e pegava um fôlego, podia ficar por ali que era só o creme tocando… adorei também!

Gustavo Abreu – DJ e jornalista

O melhor do Dekmantel foi o casting de boys importados altamente interativos, porém todos héteros, que vieram de longe só para ver um monte de gente tocando com pendrive (brincadeira!). Eu amei o set do Hunee, mas na verdade porque está muito verão em São Paulo, só faltou um copo de catuaba na mão da bee koreana.

Rodrigo Sens – Artista Visual

Por muito tempo namorei o Dekmantel, acho que é referência pra todo mundo no assunto. Eu fiquei mega feliz de saber que viria ao Brasil. Aguardei ansiosamente por esses dois dias. No primeiro dia fiquei mais nos palcos Main Stage e Selectors. Cheguei ao som de Davis e Márcio Vermelho. Achei o Selectors uma pegada excelente, tamanho perfeito e o público sempre agitado. Peguei aquela chuvinha delícia com Young Marco. De volta pro Main, Nina Kraviz e Jeff Mills, curti bastante. No segundo dia, mesmo calor e sol, mas pelo menos não choveu. O som e aquela pista delícia da Selvagem serviu de aquecimento. No Main Stage fui curtir o Moodymann, artista que não conhecia, e enfrentei o sol dançando muito ao som do cara, foda! Depois fiquei entre Palms Trax na Gop Tun e Ben UFO & Joy Orbison na Selectors. Finalmente chegou a hora de Nicolar Jaar na principal e, para minha surpresa e leve decepção, seguranças estavam impedindo pessoas de entrar na arquibancada. Na primeira noite eu curti o final do lineup na arquibancada e confesso que fez bastante diferença pra mim. Esperava curtir o Nicolas Jaar também por lá, por saber que seria um show bem visual, mas não rolou e fiquei sem entender. O show dele foi incrível, como esperado. Eu achei o local e estrutura excelentes. Não peguei fila pra nada, nem pra carregar o cartão cashless. Os banheiros e bares eram bem distribuídos. O sol e calor foram os maiores incômodos, mas não chego a reclamar porque consegui me proteger e logo o dia ficava fresco. O preço da cerveja doeu. A distância e tamanho dos palcos eram ótimos, acomodava perfeitamente o público esperado. Curti bastante o conceito de arquitetura e iluminação dos palcos, confesso que nunca tinha visto algo parecido. Acho que traduziram bem o conceito do festival por aqui e espero que voltem.

Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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