Fábrica de fitas cassete em São Paulo já produziu de Tássia Reis a Luan Santana. Saiba tudo sobre esse velho novo rolê

Claudia Assef
Por Claudia Assef

FOTOS E VÍDEO FLÁVIO FLORIDO

TEXTO CLAUDIA ASSEF

Em março deste ano, publicamos aqui no Music Non Stop que o estúdio FlapC4, em São Paulo, havia acabado de comprar uma copiadora de cassetes da fabricante americana Kaba Research & Development, com capacidade para gravar 100 fitas por hora com altíssima qualidade, e tinha planos de fabricar cassetes e oferecer também um formato de masterização específico para essa mídia. Lembra?

Voltamos lá e descobrimos que os sócios Luis Lopes e Fernando Lauletta conseguiram restaurar boa parte da máquina e deram início em novembro ao processo de fabricação das fitas. Entre seus primeiros clientes estão a rapper Tássias Reis, o sertanejo Luan Santana e o filme Aquarius, que teve a (ótima) trilha lançada no formato, além de bandas de metal.

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A copiadora de cassetes da fabricante americana Kaba Research & Development

As fitas são copiadas por um exemplar da máquina americana Kaba, que estava parada havia 20 anos e foi restaurada. O objetivo deles é nacionalizar ao máximo a produção, mas por enquanto a “c-zero”, nome que se dá à caixinha plástica, é importada, assim como a fita em que o áudio é gravado.

“Já conseguimos um fornecedor que irá fazer as c-zero pra gente, porque ele tinha os moldes guardados dos anos 80. Agora precisamos restaurar as bobinadeiras, que é utilizada para inserir a fita magnética dentro das caixinhas. Quando isso tiver sido feito, teremos que importar apenas o pancake (fita magnética), e isso deve baratear nossos custos, pois vai descomplicar muito o fator importação”, diz Lauletta. Por enquanto, o custo por fita entregue ao cliente, já com capa impressa, gira em torno de R$ 15.

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As bobinadeiras aguardam restauro, que segundo os sócio do estúdio, é a parte mais lenta do processo

Além de nacionalizar e baratear a fabricação das fitas cassete, o intuito dos sócios do FlapC4 é viabilizar um formato de masterização específico para essa mídia. “Vamos restaurar um gravador analógico de 24 canais para oferecer gravações totalmente sem uso de computadores. Pra quem busca um som vintage, isso vai ser muito interessante”, diz Luis Lopes.

Para os donos do estúdio FlapC4, o fomento às mídias analógicos e equipamentos vintage faz parte da filosofia do negócio. Os dois são apaixonados por equipamentos e microfones vintage, por isso, o resgate de um business com fitas cassete faz todo o sentido. “Sabemos que não vai haver um estouro, como aconteceu com o vinil, porque se trata de algo mais específico ainda. Mas certamente é um negócio que ainda vai crescer”, acredita Fernando Lauletta.

Veja a visita que fizemos ao estúdio e entenda mais sobre este velho novo rolê

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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