Alok e seus pais Alok entre os pais DJs, Ekanta e Swarup

Família que toca unida… Falamos com o irmão e os pais DJs de Alok em entrevista exclusiva com a família Petrillo

Claudia Assef
Por Claudia Assef

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Depois de passar o Carnaval tocando em várias cidades brasileiras, o DJ Alok, brasiliense que ocupa a 19a posição na lista top 100 da DJ Mag inglesa de 2016, segue sua rotina de criar produções estouradas e se apresentar diante de milhares de pessoas em cidades ao redor do mundo. Um superstar.

Pra quem olha assim, de longe, até parece que Alok Petrillo, 25 anos, é um baita de um sortudo, que começou a tocar há pouco tempo e virou o novo queridinho da galera que frequenta de festas como a Happy Holi até festivais como o Tomorrowland.

Mas a relação de Alok com a música eletrônica vem, literalmente, de berço.

Alok tocando com o irmão, Bhaskar, no projeto Lógica, que eles estrearam aos 12 anos

Alok tocando com o irmão, Bhaskar, no projeto Lógica, que eles estrearam aos 12 anos

Ele é filho do casal de DJs Swarup e Ekanta, responsáveis por movimentar a cena de raves no Centro-oeste desde o final dos anos 90 e principais expoentes do psy trance no Brasil. Swarup e Ekanta são apenas os fundadores do festival Universo Paralello, que começou rolando na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e atualmente arrasta milhares de pessoas à sua nova – e também paradisíaca – locação, a praia de Pratigi, na Bahia.

Alok entre os pais DJs, Ekanta e Swarup

Alok entre os pais DJs, Ekanta e Swarup

Alok e seu irmão gêmeo, Bhaskar, cresceram tendo como playground as raves organizadas pelos pais. “Desde bebês eles já tinham uma ligação forte com a música, tocando bateria de panela no estúdio de ensaio da minha banda”, diz o pai, Juarez Petrillo aka Swarup, em entrevista exclusiva que o Music Non Stop armou com a família toda de Alok. “Desde o início percebi que eles iam ‘atropelar a gente’”, recorda a mãe, Ekanta Jake. “O Alok sempre teve mais noção de pista do que eu, ele sabe fazer música pra bombar”, disse o irmão.

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Alok e Bhaskar

Então vamos ao papo com a família Petrillo.

Music Non Stop – Com que idade vocês perceberam que os meninos dariam bons DJs?

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Supergêmeos, ativar: forma de DJs precoces!

Ekanta – Foi tudo bem rápido e natural. Assim que aprenderam a tocar já se interessaram por produção também. Acho que desde o início, com 12 anos, já percebi que eles iam “atropelar a gente”, muito à frente. Era como o videogame deles, passavam horas fazendo música.

Alok, Ekanta e Bhaskar

Ekanta com os meninos: crescendo nas raves e de olho nos ensinamentos da mamãe

Swarup – Desde bebês eles já tinham uma ligação forte com a música, tocando bateria de panela no estúdio de ensaio da minha banda. Mas foi em 2004, quando vi eles tocando pela primeira vez numa festa em Brasília, que eu pensei: “esses meninos vão longe”.

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Alok observa o pai, o DJ Swarup

Music Non Stop – Como foi o processo de aprendizado deles, da parte técnica?

Ekanta – Eles eram muito interessados em saber como aquele timbre era construído, aquela subida, efeitos etc… Meio auto-ditadas, tentavam fazer o mesmo, mas também visitavam outros estúdios e faziam músicas com o “tios” mais experientes, às vezes também fazendo remixes. Estudaram um pouco de música, um teclado, o outro guitarra.

Swarup – Dois grandes amigos, DJ Zumbi e DJ Pedrão ensinaram os primeiros “acordes” da música eletrônica (mixagem nos CDJs ). Um ano depois, Dick Trevor instalou o Logic no meu computador, e com isso acabou tirando os meninos do videogame, colocando-os em contato com a produção eletrônica pela primeira vez.

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Alok com sua mãozinha de acelera, marca registrada

Music Non Stop – Com que idade o Alok se apresentou pela primeira vez?

Ekanta – Como Lógica (em dupla com o irmão) aos 12 e como Alok com 19 (eu acho, rsrrss).

Swarup – Aos 12 anos, em uma festa em Brasília. E cinco meses depois já tocaram na virada do Universo Paralello.

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Music Non Stop – Como era a rotina de levar as crianças nas raves? Vocês tinham alguma ajuda, babá, algum parente?

Ekanta – Morávamos em Amsterdam e quando rolava uma festa de dia, de amigos, eu os levava. Assim que voltamos ao Brasil começamos a frequentar as festas na Bahia e em Alto Paraíso também era tranquilo com muitos amigos ao redor, todo mundo tomava conta. Mas se havia a possibilidade de alguém ficar com eles em casa, melhor ainda. Minha família sempre ajudou muito.

Swarup – Sempre fomos uma família mais alternativa, então levar eles era natural. Nunca deram trabalho. Na verdade, eles é que cuidavam da gente (risos).

Foto: imagedealers | Alisson Demetrio

Foto: imagedealers | Alisson Demetrio

Music Non Stop – Como se sentem vendo o sucesso que o Alok está fazendo?

Ekanta – Claro que me sinto muito feliz por ele ter realizado o que sonhou e sempre quis, ele merece tudo o que conquistou, é um exemplo pra todos nós, mas às vezes assusta a gente um pouco… (risos). O melhor de tudo isso é que ele não mudou nada, é a mesma pessoa, agora talvez com menos tempo livre, só isso.

Swarup – Eu já sabia (risos). Quando por um momento ele desanimou da vida de DJ, eu disse: “não pare, pois se eu tivesse o talento que você tem, eu estaria longe”.

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Music Non Stop – Qual foi o principal conselho que deram a ele e que agora percebem que ele seguiu à risca?

Ekanta – “Nunca perca sua essência”. Um vez eu disse pra ele: “Meu filho, você vai muito longe, tenho muito orgulho de você”. Ele respondeu: “Não sei pra onde vou, mas sei de onde venho”. Essa resposta foi especial e me marcou muito!

Swarup – Nunca perder a humildade, e ser sempre generoso.

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Music Non Stop – Alok foi criado em festas de trance e recentemente vi um post em que ele agradece pela criação que recebeu de vocês…

Ekanta – Acho que preparamos ele pra tudo que está vivendo agora, pro mundo e pra convivência com muitas pessoas. Ele teve muitas referências, isso é importante na formação de um bom profissional, mas ele reconhecer isso é muito gratificante pra nós!

Swarup – Me sinto feliz e com sensação de dever cumprido.

Music Non Stop – Vocês continuam trabalhando com música. Como é a reação das pessoas quando ficam sabendo q vocês são pais do Alok?

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Mamis, como é mesmo aquela virada que você faz?

Ekanta – Isso é o mais engraçado, o Alok trouxe uma atenção especial do público em relação à família dele. Às vezes chego em lugares e o pessoal não fala mais “Ah, você é a Ekanta”. Agora é: “Ah! Você é a mãe do Alok”! (risos)

Swarup – A maioria das pessoas do meio eletrônico já sabe que sou pai dele, mas aqueles que não me conhecem, às vezes se surpreendem por eu ser um pai tão diferente (risos).

Alok e Bhaskar

Alok e Bhaskar: melhores alunos dos beats

BHASKAR – IRMÃO GÊMEO DE ALOK

Music Non Stop – Vocês cresceram tocando juntos desde sempre?

Bhaskar – A nossa “brincadeira” como DJs já começou bastante séria desde as primeiras festas. Nossa terceira festa já foi o horário da virada do ano no Universo Paralello (risos). Sempre tocamos juntos sim, e sentíamos a necessidade de crescimento constante, não queríamos ser considerados simplesmente filhos do Swarup e da Ekanta, então a nossa adolescência foi dividida entre os estudos e o estúdio hehe.

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Music Non Stop – Você acha que seu som e o do Alok soam parecidos?

Bhaskar – Temos sim pontos parecidos, e a nossa técnica de produção é bem similar. Mas existem particularidades no som de cada um. O Alok sempre teve mais noção de pista do que eu, ele sabe fazer música pra bombar! Eu já me vejo mais um cara que gosta de melodias profundas e música pra se fazer pensar. Não que ele não saiba fazer isso, mas é a forma como consigo expressar essa diferença.

Music Non Stop – Você é irmão gêmeo do Alok, como você se sente hoje que ele está no top 100? É um incentivo a mais pra você?

Bhaskar – Sou fã número 1 dele! Cada conquista é comemorada como se fosse minha, e meu desejo é que ele chegue cada vez mais longe! Com certeza as conquistas dele me estimulam, não necessariamente em querer estar nas altas posições, mas de acreditar na cena, e ver que os brasileiros podem/vão subir cada vez mais.

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Bhaskar e a esposa mantêm o projeto Blue Rose juntos

Music Non Stop – Vocês têm intenção de fazer projetos juntos?

Bhaskar – Não conversamos sobre nada disso por agora e, independentemente disso, estamos sempre trabalhando em parceria. Já fizemos algumas tracks juntos desde que lancei meu novo projeto com minha esposa (Blue Rose), e nos damos muito bem no estúdio. Isso é o importante. Quando estamos em dúvida sobre algo em uma música nova, enviamos um ao outro, pedindo feedback, porque temos uma honestidade tão grande em relação à produção um do outro que sabemos que a opinião será produtiva.

Music Non Stop – O que você acha mais legal sobre o sucesso que está rolando com o Alok?

Bhaskar – Primeiro que independentemente das viagens dele, da correria, a gente está mais próximo que nunca. A fama não fez dele uma pessoa inacessível. Isso é um ponto muito positivo sobre ele. E também é a repercussão que ele trouxe pra música eletrônica no Brasil. Hoje em dia, nos lugares mais improváveis do mundo, eu ouço a pergunta “você é o irmão do Alok?”. A cena esquentou depois do sucesso do Alok, e isso beneficia a todos que trabalham com isso ( principalmente os concorrentes dele!).

Mais fotos da família Petrillo? Só clicar!

 

Agradecimentos especiais a Tatiane Zeitunlian <3

Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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