Kaytranada sobre a passagem pelo Brasil: “estou descobrindo os sons mais acachapantes de jazz, MBP, soul e psicodélicos”.

Renata Simões
Por Renata Simões

Ele tem 23 anos, está em sua primeira tour mundial e é tímido. Kaytranada, nome de palco de Louis Kevin Celestin, nascido haitiano e criado em Montreal, Canadá, parece ainda se acostumar ao constante barulho ao redor de sua passagem. O disco 99,9%, lançado em maio de 2016, o catapultou de seu quarto para as pistas, gigs e resenhas em sites especializados.

KAYTRANA USA SAMPLE INSANO DE GAL COSTA E MÚSICA GANHA CLIPE

Após uma passagem na Fabrika, no Rio de Janeiro, no dia 3, Celestin aproveitou a estadia na Cidade Maravilhosa para comprar discos. “Passei o dia de ontem no Rio em uma loja de discos, descobrindo o que há de mais acachapante e obscuro em jazz, MPB, soul e discos psicodélicos do Brasil”, disse o produtor em entrevista exclusiva ao Music Non Stop.

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Kaytrana se apresentando na Fábrika, no Rio, dia 3. Foto: I Hate Flash

Na manhã desta terça (6), quando rola sua gig em São Paulo, com ingressos esgotados, ele falou com a gente sobre turnês, remixes, videogames, música brasileira e outras cositas.  “Um remix tem que ser bom, não tem uma fórmula ou algo profundo nisso. Não sei o que tem em comum entre BADBADNOTGOOD e Rihanna que me faz querer criar edits dos dois. Eu apenas faço o que faço. Às vezes eu gosto da música e quero fazer um edit para ver como soaria se eu tivesse feito essa versão. Às vezes é o artista que me pede pra fazer o remix. Quem quiser trabalhar comigo, eu vou curtir. As pessoas que eu gostaria de trabalhar com seriam Erykah Badu, Jill Scott, Brandy e qualquer artista de R&B que topasse criar algo que estivesse a frente de seu tempo”, disse. 

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No site do artista há uma faixa grátis para quem conseguir passar de fase no videogame – algo que esta repórter não realizou. “Adoro games de aventura, luta e basquete desde sempre até hoje. A ideia do game pra promover o disco parecia estranha no começo mas acho que funcionou”, confessou.

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Passe de fase no joguinho e ganhe uma música do Kaytranada

Sobre os samples de Pontos de Luz usados em Lite Spots, ele confessa: “Eu já ouvia a música, e já percebia aquele sample em outras mixes e sempre me hipnotizou essa virada. Era apenas uma ideia aleatória na minha cabeça. Tem muita faixa de EDM boba que usa samples pra fazer um drop ou qualquer coisa. Eu decidi fazer do meu jeito e tentei que soasse bacana. Eu não tinha certeza sobre a música quando ela ficou pronta até que meu irmão e meu amigo me disseram algo como: ‘essa música é a música que você precisa colocar no disco’”, contou.

Kaytra não faz tipo quando a história é procurar discos e beats: “Eu vasculho muita coisa que nem sabia que existia de 1968 a 1984, acho, não interessa se é MPB, funk, soul, boogie ou rock, eu ouço todo tipo de merda”. Abaixo a íntegra do nosso papo com o produtor.

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Music Non Stop – Como foi tocar no Rio e qual é a expectativa pro show em SP?

Kaytranada – O Rio foi muito cool. Tenho certeza que São Paulo vai ser bem louco também.

Music Non Stop – Seus edits vão de artistas conceituais como BBNG até nomes bem pop como Rihanna, qual é o elemento nessas faixas que faz você querer botar as mãos como produtor?

Kaytranada – Não sei, apenas faço o que eu faço. Às vezes eu gosto da música e quero fazer um edit para ver como soaria se eu tivesse feito essa versão. Às vezes é o artista que me pede pra fazer o remix.

Music Non Stop – O que define um bom remix e um bom edit pra você?

Kaytranada – Apenas tem que ser bom, não tem muito segredo.

Music Non Stop – Você trabalha com muitos artistas, com quem você gostaria de trabalhar que ainda não rolou (pode ser artista vivo ou morto)?

Kaytranada – Não tenho preferências, quem estiver a fim de trabalhar comigo, eu tô dentro. Quem quiser trabalhar comigo, eu vou curtir. As pessoas que eu gostaria de trabalhar junto seriam Erykah Badu, Jill Scott, Brandy e qualquer artista de R&B que topasse criar algo que estivesse a frente de seu tempo

KAYTRANADA – LITE SPOTS

Music Non Stop – Qual é a sua conexão com videogames e por que você quis fazer o seu próprio game pra promover sua música?

Kaytranada – Adoro games de aventura, luta e basquete desde sempre até hoje. A ideia do game pra promover o disco parecia estranha no começo, mas acho que funcionou.

Music Non Stop – A música Lite Spots tem samples de Gal Costa, da faixa Pontos de Luz, como você chegou até essa faixa?

Kaytranada – Já venho ouvindo essa música tem um tempo, já ouvi em mixes e sempre me hipnotizou. A virada foi apenas uma ideia randômica na minha cabeça. Tem um monte de faixas bestas de EDM que usam samples e fazem o drop ou algo do tipo. Eu resolvi fazer do meu próprio jeito e tentei fazer com que soasse cool. Eu não estava muito confiante a respeito da faixa no começo mas meu amigo Stwo e meu irmão Lou Phelps me disseram que ela era tipo “a” música que eu tinha que botar no álbum.

Kaytranada @ Superloft São Paulo
Terça-feira, 6/9, a partir das 19h
Superloft
Rua Cardeal Arcoverde, 2926
Ingressos esgotados

 

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